O LOBO E A CHAPÉU
O LOBO E A CHAPÉU

Uma pequena casa no meio da floresta. Residência de mãe e filha e só. Nossa... como a menina corria. Inquieta era ela, quando a mãe via já não via mais. Todos de arredores a chamavam Chapeuzinho Vermelho, na verdade, ninguém sabia o nome real; bom, naquele lugar e tempo quem precisava de realidade? Pescadores passavam vergonha... Depois dos 17 ela fez 18 (sim esse tipo de tempo decorria sem meias voltas); não teve festa, devido a pouca grana. A mãe fizera um bolo de chocolate e suco natural, ainda não haviam inventado os fermentados azedos nem gaseificados doces.Depois de ganhar gramas extras, saíra ver a noite linda que fazia. Caminhando, ouvira um mexido de moitas, saindo de trás delas, um lobo, o mais lindo lobo que já havia visto. ”_Boa noite gostosa!” ela, acostumada com lobinhos bobos que usavam gravatas, ficara maravilhada com o peludão da jaqueta transada.Enquanto, os outros a cumprimentavam com reverências, aquele a comera com os olhos no primeiro contato extra-físico. Bom, primeiro contato é o que pensava ser, quando o garanhão chega perto e... (não isso é p/ final); confessa a gata que a conhecia de outros carnavais.Ela, toda abobada, por não lembrar do fato, espera que ele termine a narrativa. “_Hum... então era você quem me atacou na mata... mas, está tão diferente... mas, espera aí, o lenhador não tinha...” “_Ah, nem me lembre daquele gordo fazido, achava que cortando minha barriga e me jogando num buraco escuro daria fim ao lobo mais temido da região. Mas, não. Mal sabia ele que meus contatos com clínicas especializadas em costurar lobos atacados por lenhadores eram vastos. O celular deu rede, depois de me arrastar morro à cima. Doutor Satriani (também um puta guitarrista), era muito eficiente. Cá estou gatinha, eu e minha Halley, que tal uma voltinha para continuarmos nosso papo?”. Chapéu vermelho aceitou de imediato, afinal, não era toda noite que deparava com um cara tão... original.Ele, não fazia tipo, falava o que vinha na telha e tinha cheiro bom.A voltinha, rendeu fotos de pessoas esqueléticas e tortas inteiras nos lixos, fotografou boiada atravessando a faixa e homens jogando latas para fora dos carros. Dias e noites, das quais não vai e não quer esquecer, contará aos netos embaixo de uma parreira de uva, donde virão os melhores vinhos. Os pequenos, terão orgulho ou vão achar o fato tosco, dependendo do que a filha da “chapéu vó” disser a eles primeiro. Mas o fato é que a gatíssima e o lobo não tiveram um final feliz. Melhor, o lobo sim, continuara sem rumo montado na moto preta, carregada dele e dele. A mulher que até hoje não sabemos o nome, procurara outros lobos iguais ao grande idiota sábio; mas de nada adiantara, cada “ninhada” que vinha era submetida à lavagem cerebral e introdução do certo e errado. Não havia espaço para lobos confusos ou camponeses menos músculos e mais massa cefálica. Nesses dias o medo aumentava em ficar igual à vovó que não mais existia. No jazigo o epitáfio dizia: “Devia ter me arriscado mais, ter aberto mais, ter visto se pôr”... Se bem que enquanto a vovó só dizia a Chapéu tudo fazia. O que a afligia era o fato de ter sido a única a se apaixonar de verdade por um cara de verdade. As meninas de agora, só queriam saber de rostinhos bonitos.Lembra saudosa das noites das viagens bem viagens que fizera. E quer saber...(pensou ela), fui muito feliz no tempo que me coube. E quer saber...(pensou ela), atravessei a rua sem olhar para os lados e continuo viva. E quer saber...(pensou ela), programei o despertador e voltei a dormir. E quer saber...(pensou ela), não quero mais pensar nisso. .

(Denise)




ONLINE
1




Partilhe esta Página

 

Bem Vindo: 2

  

  ORKUT:

  http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=4125264869945749196 

  

MSN/EMAIL:

desmontandoquebracabeca@hotmail.com

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 




Total de visitas: 4242